domingo, 10 de julho de 2011

Dica de filme: "A Partida"

Embora a minha torcida tenha sido para o filme israelense "Valsa com Bashir", foi "A Partida", o filme do diretor japonês Yojiro Takita, que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2009. De qualquer maneira, o filme tem seus méritos e, se você ainda não o viu, irá gostar da experiência.

O filme conta a história de um músico, Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki), que, a muito custo e depois de vários anos de estudo e dedicação, consegue uma vaga em uma orquestra para tocar violoncelo. Mas a orquestra acaba sendo dissolvida e, sem outra alternativa, Daigo vende o violoncelo e volta para a sua cidade natal com a esposa Mika (Ryoko Yoshiyuki), para morar na casa que a sua mãe lhe deixou.

Sem saber direito o que fazer da vida, Daigo acaba aceitando um emprego muito bem remunerado, descobrindo posteriormente que a sua função será ajudar um "Nokanshi", uma espécie de agente funerário religioso que prepara o corpo do morto para a entrada na próxima vida. O ritual, que é assistido pelos familiares do morto, consiste em lavar o corpo, vesti-lo, maquiá-lo e colocá-lo no caixão.

No princípio, Daigo não consegue lidar com a situação, mesmo porque nunca antes havia visto uma pessoa morta, nem mesmo a sua mãe. Com o tempo e apesar do preconceito da sociedade local e de sua própria esposa, Daigo começa a ganhar gosto pela nova profissão, pois acaba percebendo o quanto o ritual é importante não só para os familiares do falecido, mas também para ele próprio, que assim acaba se reconciliando com o seu passado.

O filme mostra que a felicidade profissional pode estar em algum lugar totalmente insuspeito. Enfoca também a necessidade de compreensão que deve haver entre marido e esposa e de reconciliação com o passado, deixa clara a importância dos ritos de passagem dessa vida para a outra e, sobretudo, demonstra como um valor que perpassa todas essas questões, mas do qual muitos se esquecem, é essencial: o respeito. O respeito que se deve ter com os outros, sejam eles vivos ou mortos, e também consigo mesmo.

Por Márcia Bulle

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